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Realidade, fantasia e oligarquias

No cotidiano da mídia, notícias, informes e tramoias chegam muito bem floreados ao povo (consumidor final de todos os males da elite). Recentemente o jornal “Estado de São Paulo" publicou o seguinte texto: Boom’ na universidade privada brasileira ajuda investidor e aluno, opina ‘Economist’. O único elemento real do artigo são os números sobre os investimentos o resto é balela! Ajuda a alunos que mal interpretam um texto?
"Isso é uma fantasia" das mais toscas e absurdas: Essas universidades têm um quadro ruim de professores. A maior parte deles trazidos de escolas públicas assim como a totalidade de seus alunos, pois aluno da escola particular já tem seu destino selado numa universidade federal. As unidades privadas (em toda sua estrutura): alunos, professores funcionários e instalações, beiram os moldes de escolas do Estado (desorganização, incoerência curricular, negligência de alunos e administração com metodologias ou conteúdos) visto que o "deixe fazer deixe passar" da escola pública (pautado na leniência do Ministério da Educação) também permeia a didática de alguns professores (com aprovação total dos alunos) que pouco esforçam-se: provas em dupla, provas com consulta são os modelos mais aplicados de avaliação. Até agora não enxerguei nenhuma ajuda aos alunos nem as subclasses sociais. A não ser a venda um diploma a custo da presença em sala.
"A realidade" conjecturada na divulgação de um informe pode esconder muitas armadilhas. A euforia que isto provoca aos desatentos nos indica que a condição de dominante e dominado na escala planetária está longe de terminar. Há muitos anos revistas e jornais europeus ou americanos plantam informações como estas na mente dos grupos (empresários) de lá que sem dificuldade devoram os grupinhos de cá. Está claro que continuaremos nas gaiolas colonialistas por muito tempo... 
Professores, mestres, doutores não escapam do vazio e da manipulação impregnadas nestas raias. Muito blá-blá-blá, idiolatrias afloradas e novamente o real sendo deixado de lado! Por que a melhor universidade do Brasil está numa posição distante da 1ª colocada se estamos, há algumas décadas, entre as principais economias? Que movimento induziu estes investimentos na educação? Que é, de fato, uma "merda" na América Latina e pior no Brasil! Qual foi o papel do Estado brasileiro nestes últimos 100 anos sobre a Educação? Abro parênteses para dizer que a USP (Universidade do Estado de São Paulo) foi criada pela elite paulista e para Ela (lógico não faria isso para outros). Se houvesse intenção (veja gráfico) do Estado em tornar o ensino melhor no país isso já teria sido feito muito tempo antes com revisão do percentual do PIB para educação. Temos igual percentual aplicado a educação nos últimos 40 anos. Em seu contrário todas as ações para educação, até então, tem sido para atender, antes, a demanda comercial - não a vida dos indivíduos. Disso forja-se uma sociedade mecânica.
Universidades privadas têm formado uma vaga de sujeitos despreparados que jamais ocuparam as profissões que desejam. Parte de formados em universidades públicas se sentem "acima do bem e do mal" (talvez por encontrar esse eco na sociedade). Às vezes nem são essa quintessência... Veja o depoimento da professora "Ana Maria de Araújo" (no elo da matéria): com trejeitos de promoção pessoal - aponta retamente para a personalidade mecanicista e bajuladora da elite que se forma em universidades públicas, aqueles que aceitam o currículo europeu sem questionar e pensam serem os melhores, apesar de ser formada pela universidade de posição vergonhosa para uma economia dita forte, mas tão satisfeita com sua formação parece não saber disso.
Sobre "as oligarquias" nos basta mostrar apenas a promoção de governos que, descaradamente, manipulam em favor dos mais abastados e de seu gueto. Não há governo justo que não um socialismo humanista (ainda não existiu), pois o populismo (desgraça brasileira dos últimos 12 anos), a ditadura (maninhou o cérebro do brasileiro num limbo dantesco), o fascismo (que ainda nos ronda) ou a acracia (fala-se de instituições fracas e politizadas) são faces desta moeda que permite universidades inúteis. Veem-se (diariamente) graduados que mal sabem a língua materna (causa própria), professores, mestres, doutores (e até esnobes de 150ª categoria) satelitizarem-se como astros de um povo alienado incapaz de enxergar a realidade. 
José de Souza Martins, sociólogo, doutor, professor da USP escreve sobre a Reforma Agrária como um historiador, ataca as subclasses do sistema ou filósofos de outras esferas e não os verdadeiros culpados pelo status quo: a elite dona do Estado. Esta (por sua vez) oligárquica dita o destino do povo em nome de seus valores e veleidades que fogem, visivelmente, ao bem comum (veja o mau exemplo de Luís Inácio Lula da Silva e sua trupe, veja Fernando Henrique e sua turminha discreta, Fernando Collor e sua quadrilha desorganizada: sofreu impedimento na presidência).
Num plano geral nossa educação é uma desgraça favorecida na usura do estado (elite), na desigualdade social e na falta de perspectiva dos jovens. Se ricos: fartos do que têm e satisfeitos em sê-lo o filho de ou da... Se pobres: incapazes de compreender as instâncias de uma sociedade egoísta que abre caminho para o lucro fácil de exploradores em qualquer área. Inclusive na educação. Novamente o Estado se mostra complacente ou pusilânime em permitir que se pague por um produto ordinário o preço de "uma mentira": um canudo que só serve para engrossar estatísticas! Está é a representação mais digna de uma sociedade capitalista: o faz de contas!
Aqui não podemos usar a boa e velha máxima popular em que diz: isso é "para inglês ver..." Mas sim "isso é para inglês ter"!
O sistema nos experimenta a todo instante em troca de seus sonhos mais mesquinhos. Note a elite satisfeita e rutilante em suas expectativas! Por outro lado aqueles que estão mais próximos da realidade são considerados loucos se não fizerem parte das petas que alimentam esta elite. Aqueles que estão satisfeitos em seus "mundinhos" servem de apoio aos que aviltam o real e o possível ao coletivo... Enfim estamos condenados a reagir ou aceitar, sempre,  algum tipo  de demência, seja as religiosas, seja as econômicas, seja as políticas, seja as ideológicas. Viva, lute e morra ou viva sirva e morra.
Base para comentário:
http://blogs.estadao.com.br/radar-economico/2012/09/13/boom-na-universidade-privada-

brasileira-ajuda-investidor-e-aluno-opina-economist/

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