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Mostrando postagens de outubro, 2011

Ritos sociais autômatos

      O que preenche o dia dos indivíduos é busca pelo alimento, aparatos para os diversos tipos de prazeres e o próprio gozo enquanto subjetividade, ou seja, buscamos variantes ou formas de viver que confluam para a segurança, prazer e independência.       Existe um gozo incontido na independência, mas como esta é uma sensação que nos dá "satisfação" vivemos por "ela" e ponto - sendo uma sensação não entendida como uma busca utópica não haverá metáforas suficientes para explicá-la. Nem como explicar as razões que nos fazem acreditar que um dia atingiremos alguma forma de independência. Apenas queremos. Recusamo-nos a acreditar que ela (a independência) não exista. Dai passamos a mascarar nossas buscas em qualquer forma de prazer tal qual sejamos bem vistos pelos demais de nosso grupo.       Essa busca é naturalizada na práxis perfumada pela fé na sociedade, fé no dinheiro e por fé na Fé: a meta fé. A última é também responsável por boa parte das desgraças do

O circo político

Imagine um circo! É muito bom... Lá rimos da pureza dos acontecimentos. Imagine o mundo real, imagine o mundo da política, da diplomacia, dos protocolos, das atitudes suspeitas, das emulações, das convenções, dos fatos históricos. Imagine um circo misto, ou seja, a fusão desses dois mundos – o real e o imaginário, o jogo de cena. A autêntica Teatrocracia onde só se deliciam do riso os “donos do circo estatal”.   Empossados pelo Sistema (Estado) ou apadrinhados mais parecem atores dum teatro mambembe querendo receber os trocados assim que acabe o espetáculo e fechem-se as cortinas. Aliais sob as cortinas baixas as cenas têm sido dantescas no teatro político brasileiro. Péssimos atores descomprometidos alienados e negando sua causa. Na grande armação estatal temos barracas de todos os gêneros. Barracas de deputados famosos pela dança da pizza, outros videntes que ganham na loteria 300 vezes,  figuras  honor is causa analfabetos funcionais, publicitários chefes de quadrilhas, o

Nosso fosso político.

O partido que não deviria estar no poder (o partido no poder é um risco a democracia) todos sabem é um poço de sujeira, no entanto se defendem dizendo: Qual partido não é? Concordo, mas o alicerce populista, insólito, que adquiriu este partido é algo que se assemelha ao fascismo e o torna perene sustentado na ignomínia do povo. Logo seus aliados bebem no mesmo fosso. A desfaçatez desses políticos se torna tão irritante quanto sua existência. Isso se dá por faltar capacidade de indignação e de ação das massas também... Me parece que para respeitar o povo o político precise temer algo além da matéria social, porque está claro que judiciário, ética ou moral pouco valem na política. Se este ministro¹ se sente a vontade para citar Neruda (sinto-me indestrutível) nós nos sentimos obrigados a citar Rui Barbosa² pela milésima vez: “De tanto ver crescer a INJUSTIÇA, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos MAUS, o homem chega a RIR-SE da honra, DESANIMAR-SE de justiça e TER VERGONHA

As mentiras. E nós?

“Secretário de esportes de cidade é exonerado por suspeita de contrafação, não se sabe se é coincidência, mas seu cunhado, um Ministro de Estado, também é investigado por corrupção.” A corrupção está parecendo, então, um mal da família brasileira? Se essa questão estiver próxima da verdade em breve teremos a naturalização da prática corruptiva,  ah finalmente teremos paz! Os jornais não serão mais recheados de escândalos que zombam da população, os canais de TV e rádio não precisarão entrevistar com exclusividade um dos poucos "Deputados honestos" ou aquele sujeito que prega a moralização dos partidos, pois todos serão iguais, o povo não precisará se lamentar por haver uma minoria esboçando defesa da dignidade política, uma vez que falaremos a linguagem da ganância juntos. Não precisamos ficar irritados porque nos roubaram mais uma vez. Nos bastará querer chegar lá também para pegar nosso quinhão. Neste momento tenho uma sensação estranha, uma vertigem: não sei se e

A palestra como panacéia

        Com a baixa e refundamento do Taylorismo, os improvisos desastrosos do tecnicismo, o avanço cibernético e o distanciamento nas relações interpessoais a humanidade precisou desenvolver algo que faça com que os sujeitos “não deixem de acreditar nunca:” no sistema; no mercado; na família; na empresa e, principalmente, no potencial.  Com o decaimento do humano frente ao processo de industrialização se reconhece que o melhor produto a ser trabalhado, moldado e sustentado é a subjetividade dos indivíduos.       Percebeu-se. Precisa de um novo tipo de profissional.  Mais um, desta vez um bobo da corte melhorado: o palestrante! O palestrante é o profissional mais bem preparado para o assunto, dá todas as dicas para ser ter vitórias a curto e longo prazo; no momento (tão) auspicioso, no seu ápice todos esquecem que o tempo e o espaço que teve suas vitórias não se repetem para seu ouvinte e sua loa não representa mais uma realidade e sim o passado, ainda assim é mestre no tema deixa

Estamos fartos de Bastos, Tas, Planetas e Gentili

Na verdade o título deste texto deveria ser "estamos fartos desses humoristas toscos que enchem as redes de TV ultimamente, entre outros: Marcelo tas, Danilo Gentili, Rafael Bastos, ou os grupos como Casseta & Planeta, Pânico¹  e mais alguns de menor relevância para a massa bitolada". Mas isso dá um prefácio e não um título. Dito isso assimilo (o que lhe pareça erro no título é proposital). Se tivesse tenção de comparar os humoristas da atualidade a geração que aos poucos se afastam da cena pública repetiria o que está fazendo parte da mídia (escrita e falada), isto é, daria um tom nostálgico à questão e limitaria a crítica à perda do senso de ridículo de boa parte destas figuras. O problema deve ser visto por outro ângulo, ou seja, o ângulo da insistência e da repetição dos vícios quanto aos elementos que perturbam (à surdina) a “razão” da sociedade. Para explicar isso melhor recorro a Marx tomando a concepção que nos deu sobre a repetição dos fatos - nesta corrig

As classes emergentes e a felicidade financiada..

     Quando a burguesia suplantou o feudalismo e em seguida as monarquias subtendia-se ou procurava-se vender a ideia de que as sociedades não mais comportariam o modelo estamental. No entanto sua indumentária pregressa de escravização dos imigrantes campesinos, suburbanos e até crianças  apenas aumentava o abismo social - não fosse o agravamento destas distinções e a refiguração das lutas a partir das conquistas socialistas ainda teríamos subgrupos estagnados tal qual fora no modelo feudal. É preciso lembrar que o trabalho em qualquer época é reconhecido pelo seu aspecto moral e solidário a partir disso se criam formas complexas de entendimento das relações: os economicistas e suas formulas adequadas, a religião e seu zelo implícito no trabalho argumentando sorrateiramente que do “suor vive o homem” infundindo no seu membro e em tom universal que há uma ordem suprema implicando nesta determinação. O problema é que nem todos a atendem e boa parte dos homens vivem do suor dos out

Carta de Prometeu.

Cidade de Santa Imbecilidade, 30 de setembro de 2011. Tok - tok - tok - tak - tok tak...... A cada dois minutos e vinte e três segundos a cena se repete nas estações de embarque: Um grupo sobe, uma vaga desce;  nas escadas ou corredores dar-se o enfrentamento diário - parece começar ali a luta pelo emprego, Alguns perpassam com tamanha sobriedade que intimamente nos faz questionar: onde estão os hipócritas, os usurentos, os pelegos, os falsos santos? O segredo das bocas, olhares que fogem uns dos outros, faces carregadas, o espasmado sigilo dos lábios dá tom de templo às estações - nada difere, pois são essas figuras que lá se encontram para curar-se do tédio e da monotonia da vida em sociedade carregado de protocolos. Este segredo é quebrado por estalos dos saltos femininos e pelo constante pianista voluntário junto aos bloqueios; quis parar, ouvir uma interpretação de Nicolai Korsakov dia desses, mas o dever me arrastava. De lado o solo dissonante (calçados e piano) so